Às vezes o coração da gente é como uma casa abandonada,
cheia de lixo. Parece uma tapera que quando as pessoas passam na rua mal podem
imaginar que ali possa ter sido bom. O ruim das casas abandonadas é que o
trinco da porta geralmente está quebrado e aí entra tudo o que não deveria,
ficando pior ainda, daquele jeito com forro caído, mato para os lados, piso
quebrado e janelas batendo. E pra completar, novos moradores que acham que
podem ficar lá por direito.
Chega uma hora que aquele pardieiro é tudo que se tem. Acontece que o coração da gente tem bases
sólidas, daquelas que o tempo não destrói. Temos um só coração. Limpo ou sujo, doente ou
cheio de vida, é esse, só esse.
Não sei de onde vem a coragem, mas ela vem. Para alguns vem da fé. Para
outros, da falta de opção. Outros ainda acreditam que dá para reformar. E dá.
Pra começar, tem que fazer a limpeza. E aí é difícil,
depois de tirar tudo, conviver com um coração vazio porque a gente se acostuma
até com o que é ruim. Trocar o tolerável por nada, pelo nulo, é se jogar no
risco acreditando em sabe se lá o que. Só acreditando mesmo.
E desculpem, mas reforma é assim. Seriam três meses de
obras e no fim demora uns sete, nove... Vem as brigas, mais esforço, mais
sujeira, mais defeitos que você nem sabia que existiam mas existem. Não dá para
pintar uma parede com infiltração e nem instalar um portão de correr com
trilhos tortos, tem que ser firme, tem que ser reto. Se for eletrônico então,
faça o favor de pagar a conta de energia e com tantos aumentos este ano, não
vai ser fácil.
Em todas as obras da minha casa eu quis fugir antes de
terminar. E pra ser sincera, me arrependi de todas as vezes que apressei o
pintor. Porque não tem jeito, ele tem o ritmo dele e a tinta tem o tempo dela.
Ter uma casa reformada dá trabalho, mas quantas vezes
você entrou em uma dessas depois de tudo pronto e nem acreditou que tudo aquilo
partiu de você. É um tal de arrumar dinheiro não sei de onde, fazer acordo com
pessoas que nunca apareceram e algumas que apareceram, bem, era melhor que não
tivessem chegado perto. Mas você consertou e aí está.
Calma, tem mais. Quando está tudo pronto ainda tem a
limpeza, daquelas de joelhos no chão, unha quebrada e ainda os machucados. Mas
vale, a casa está pronta, a casa é sua.
Quando eu via casas prontas, limpas, eu tinha vontade de
entrar. Mas chega uma hora que perde a graça. Porque eu sou daquelas de casa
cheia, a minha.
E na sua casa, quando está tudo pronto, o trinco da porta
funciona bem. Você escolhe quem vai entrar. Escolhe também quando vai
aproveitar o silêncio, a tranquilidade. E faça festa, aproveite, porque o tempo
é assim, em três ou cinco anos ela vai precisar de uma nova reforma, uma nova
mudança, um novo recomeço. Que bom. Ou
vai falar que coração não é assim?
quarta-feira, 15 de abril de 2015
quarta-feira, 8 de abril de 2015
Dias de fé, dias de mais
Na folha em branco, o futuro é presente e vem de encontro à inquietação de um coração que bate acelerado, como se gritasse: mais vida! Mais viva! Mais toques! Mais daquilo que sabemos o que é. E, é!
Afinal, quem não quer uma folha em branco para desenhar uma vida? Daquele jeito com o melhor do que já é certo: aqueles abraços, a cama segura, a comida cheirosa, o amigo presente, a família por perto, o vento que venta.
É tempo de mais. É dia de fé. Do suspiro profundo que venha a coragem. E nos passos incertos, o destino: o futuro.
Afinal, quem não quer uma folha em branco para desenhar uma vida? Daquele jeito com o melhor do que já é certo: aqueles abraços, a cama segura, a comida cheirosa, o amigo presente, a família por perto, o vento que venta.
É tempo de mais. É dia de fé. Do suspiro profundo que venha a coragem. E nos passos incertos, o destino: o futuro.
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
Proteção para os sambistas
Se um dia você tiver a chance de entrar em um barracão de escola de samba pode reparar nos cantos, no alto, no baixo... em algum lugar vai encontrar uma imagem de santo. É uma fé inabalavel na crença do encantamento. Quem está ali, lógico, quer chegar na quarta-feira de cinzas com um troféu nas mãos. Mas acredite, essa gente quer mesmo é contar com toda a ajuda do mundo e do inexplicável para por uma escola inteira na avenida.
E entrar, sambar, apresentar é quase nada comparado ao que borbulhar na cabeça e no coração de quem mexe com carnaval. É o peito que ferve. As mãos e os pés inquietos a cada batuque. Pensamento que não pára de pensar um só segundo.
Nas últimas semanas eu tive o privilégio de conviver com quem faz o carnaval de Uberlândia e entender um pouco o que cada escola tem de diferente.
A Tabajara é considerada a escola de tradição, do Patrimônio, a mais antiga. A Garotos do Samba é a escola do bairro Martins, do saudoso mestre Bolo. A Acadêmicos nasceu com dinheiro em caixa e por anos ganhou o título de "escola dos ricos". E o Chatão é a escola da família, do Pai Nêgo.
Mas são tantas peculiaridades que não foram pro ar! Como a cozinheira que foi de outra escola, trocou de agremiação e está com o coração dividido. Eu quero é ver como vai ser na avenida.
Inconfundível é o cheiro de comida no barracão. Pelo menos um cafezinho eu tomei na tradicional pressa de jornalista de TV.
Curiosos eram os olhos ressabiados de cada componente com a possibilidade de um concorrente ver o que se faz em cada carro alegórico.
Mas o melhor foram os abraços de gente de fé que acredita que esse vai ser sim o melhor carnaval de todos. De um jeito ou de outro, em pensamento, o meu pé sambou de braços abertos em cada uma das escolas.
Segue o link para a reportagem sobre a história de cada escola e outras duas reportagens.
A história do Carnaval de Uberlândia
O Carnaval nos clubes
Acadêmicos do Samba
Garotos do Samba
Tabajara
Unidos do Chatão
E entrar, sambar, apresentar é quase nada comparado ao que borbulhar na cabeça e no coração de quem mexe com carnaval. É o peito que ferve. As mãos e os pés inquietos a cada batuque. Pensamento que não pára de pensar um só segundo.
Nas últimas semanas eu tive o privilégio de conviver com quem faz o carnaval de Uberlândia e entender um pouco o que cada escola tem de diferente.
A Tabajara é considerada a escola de tradição, do Patrimônio, a mais antiga. A Garotos do Samba é a escola do bairro Martins, do saudoso mestre Bolo. A Acadêmicos nasceu com dinheiro em caixa e por anos ganhou o título de "escola dos ricos". E o Chatão é a escola da família, do Pai Nêgo.
Mas são tantas peculiaridades que não foram pro ar! Como a cozinheira que foi de outra escola, trocou de agremiação e está com o coração dividido. Eu quero é ver como vai ser na avenida.
Inconfundível é o cheiro de comida no barracão. Pelo menos um cafezinho eu tomei na tradicional pressa de jornalista de TV.
Curiosos eram os olhos ressabiados de cada componente com a possibilidade de um concorrente ver o que se faz em cada carro alegórico.
Mas o melhor foram os abraços de gente de fé que acredita que esse vai ser sim o melhor carnaval de todos. De um jeito ou de outro, em pensamento, o meu pé sambou de braços abertos em cada uma das escolas.
Segue o link para a reportagem sobre a história de cada escola e outras duas reportagens.
A história do Carnaval de Uberlândia
O Carnaval nos clubes
Acadêmicos do Samba
Garotos do Samba
Tabajara
Unidos do Chatão
sábado, 7 de fevereiro de 2015
De volta
Já tem um tempinho que eu estou adiando e adiando voltar a escrever e aí vem um monte de dúvidas. Será que não é muita exposição? Será que é útil? Que diferença faz? É bom? Não é? Pra que?
Eu já tive um blog láaaa no passado e aos poucos foi minguando. Foi um período, passou, mas hoje quando eu preciso recorrer a este passado, ele está lá perdido na internet com essa parte de mim. Vixe! E lá tem de tudo... fotos, revoltinhas de adolescente, mudanças, mudanças e mudanças. Uma vida que me trouxe até aqui.
A verdade é que o que não mudou até hoje foi essa vontade de escrever, de falar um pouquinho sobre o que não vai no ar na TV, das opiniões que eu não compartilho e as percepções mais simples desse mundão de meu Deus que eu conheço tão pouco.
Vem aí... sei lá. Vamos indo!
Eu já tive um blog láaaa no passado e aos poucos foi minguando. Foi um período, passou, mas hoje quando eu preciso recorrer a este passado, ele está lá perdido na internet com essa parte de mim. Vixe! E lá tem de tudo... fotos, revoltinhas de adolescente, mudanças, mudanças e mudanças. Uma vida que me trouxe até aqui.
A verdade é que o que não mudou até hoje foi essa vontade de escrever, de falar um pouquinho sobre o que não vai no ar na TV, das opiniões que eu não compartilho e as percepções mais simples desse mundão de meu Deus que eu conheço tão pouco.
Vem aí... sei lá. Vamos indo!
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